Editoria: Vininha F. Carvalho 20/10/2006
Em todo o mundo, nenhuma raça de cães tem provocado tanta polêmica, foi tão temida e sofreu tantas sanções legais quanto a raça American Pit Bull, ou simplesmente Pit Bull. No entanto, várias outras raças, dentre elas o nobre cão guardião de templos Shar-Pei, já foram criadas no passado e selecionadas para combate.
A própria história do Pit Bull confunde-se com a história do American Staffordshire Terrier (raça americana), animal este elegante e sociável freqüente nas exposições e que agora, devido a semelhança física com o Pit Bull, também está sofrendo discriminação. Inclusive a raça inglesa Staffordshire Bull Terrier, que originou a americana American Staffordshire Terrier também é a de um cão de combate e que já foi usada em rinhas (briga de cães).
Em meados do século XIX, raças de cães foram criadas e apuradas para briga, particularmente na América do Norte, dentre elas a raça que mais se destacava desde o início do século passado por ser de animais mais compactos, agressivos, corajosos, ágeis e bom de briga é o Pit Bull. Popularizou-se então as famosas rinhas, as quais devido proibição legais, passaram a ocorrer na clandestinidade.
A diferença fundamental destas raças de combate já citadas juntamente com outras raças utilizadas para guarda, como por exemplo o Rottweiler, o Mastim Napolitano, o Bull Terrier e mesmo o Fila Brasileiro, é a de que são cães que não podem ser criados por pessoas despreparadas, por amadores. São raças que necessitam de pulso enérgico, de uma educação com amor e com justa disciplina.
Sabemos que o cão é reflexo de seu dono, muitas vezes os Pit Bulls tem proprietários de temperamento agressivo e que tem orgulho de seus animais também violentos, animais estes muitas vezes ainda são preparados para rinhas. Não é por acaso que a raça Pit Bull é símbolo de um grande número de academias de artes marciais.
É lamentável tudo o que vem sendo divulgado em relação ao comportamento destes animais, realmente é uma campanha injusta. A raça Pit Bull já existe no Brasil há mais duas décadas e, sómente agora, começou a ser divulgada como uma raça violenta e descontrolada.
Na verdade, os proprietários é que devem sempre ser responsabilizados, pois por questões de modismos ou vaidade, resolvem ter animais além de suas capacidades psicológicas. Condutas e adestramento inadequados feitos em cães fortes e valentes, porém inocentes, produzem animais extremamente agressivos e até perigosos.
É claro que os políticos para se autopromovem, juntamente com a mídia sensacionalista, exploram o assunto geralmente sem nenhuma responsabilidade. Pessoas que ocupam cargos formadores de opinião deveriam ser mais esclarecidas pois comentam sobre supostas características negativas dos cães sem nenhum embasamento científico, cães estes que tanto amor, amizade e dedicação têm dado à humanidade.
A meu ver, é um absurdo querermos exterminar uma excelente raça em decorrência de alguns cães que foram “deformados” pelos seus donos. Atendo vários animais da raça Pit Bull e de outras raças conhecidas como perigosas e muitos deles são realmente extremamente mansos, apesar de sua respeitável aparência.
Naturalmente que acidentes podem ocorrer como em tudo na vida, entretanto nestes casos a responsabilidade cabe inteiramente ao dono do animal.
Acreditamos que para sermos coerentes vivendo num mundo em que a violência encontra-se banalizada em tudo que vemos, na televisão, nos jogos, nos esportes, no cinema e nos noticiários, somente o bom-senso pode nos tirar deste impasse e não através de medidas radicais que apenas têm valor de impacto. Na verdade estamos diante de mais um problema educacional e social.